sábado, 16 de julho de 2011

Reflexão: Por que Faixa PRETA?




POR QUE FAIXA PRETA?


Na história européia e, especialmente, na história inglesa, um homem de grande valor e dignidade, que se destacava tanto no campo de batalha como na sua vida social, era premiado com o título de cavaleiro. Esta designação implicava dizer que seu portador era um homem de honra e possuía grande habilidade de combate. No Japão, este tipo de homem era denominado Samurai, sendo objeto de grande atenção e respeito. Nestas épocas, tanto a Inglaterra como o Japão se constituíam de estados feudais e, tanto os cavaleiros como os Samurais eram resultado das condições sociais da eras em que viviam, situação que não existe hoje em dia, mas apesar disto, o desejo de alcançar um grande nível em uma arte marcial, na autodisciplina e na defesa pessoal ainda persiste.

Atualmente o homem se esforça em uma arte marcial tentando alcançar a faixa preta como resultado de aprendizado para lutar, embora na mesma medida em que progrida no treinamento se torne mais consciente de um forte impulso: o de moldar-se a si mesmo, transformando-se em alguém melhor, não somente possuidor de uma grande habilidade de combate, mas também de dignidade e honra. Tradicionalmente são sempre estes os objetivos de um estudante de artes marciais. A faixa preta é uma recompensa outorgada ao cavaleiro atual, ao moderno samurai que sacrificou muitas horas disciplinando sua mente e fortalecendo seu corpo no intuito de alcançar o máximo de desenvolvimento físico e mental possíveis. A faixa preta assim é um símbolo de perícia.

Inicialmente o sistema de grau foi estabelecido como uma série de níveis com os quais o estudante podia avaliar o seu progresso; a primeira faixa preta alcançada era conhecida como Shodan: primeiro grau ou passo inicial destes níveis. O Shodan significa que o estudante domina os fundamentos da arte e está agora preparado para receber um treinamento mais avançado e, se continuar praticando, poderá alcançar outros Dans indicativos de progresso. Esta escala de valores tem provado a sua eficácia como grande motivador do estudante, mas também tem originado alguns problemas.

Em primeiro lugar existe internacionalmente uma grande disparidade de critérios. Um sistema de graduação universal deveria ser normatizado da mesma forma que um centímetro é igual a outro em qualquer lugar do mundo. É preciso também compreender que esta escala de valores consiste em examinar as reações humanas, e devido às diferenças existentes em cada pessoa,  é difícil estabelecer regras únicas. O Judô e o Kendo têm suas regras internacionais para avaliação, isto se devendo ao fato de suas origens serem exclusivamente japonesas, nascendo estas regras junto com cada uma destas artes marciais.

 O público não é consciente das diferenças entre os sistemas diferentes de graduação, e pessoas podem ser enganadas nos clubes que se outorgam faixas pretas, geralmente de modo rápido em um curto período de tempo de treinamento, com nítidos objetivos comerciais. Uma atitude perigosa tanto para o estudante, como para a qualidade do ensino como um todo da arte marcial. Em um clube sério, a faixa preta se alcança após 03 (três) a 05 (cinco) anos de treinamento assíduo e duro sob uma orientação competente. Este entendimento dos Dans deveria inspirar um sentimento de orgulho em quem recebe um DAN através de um treinamento rigoroso.

Os cavaleiros e os Samurais de antigamente evitavam a todo custo os atos que pudessem ofuscar o juízo de sua honra. Será que os Faixas Pretas, modernos poderiam ter uma atitude diferente?


Sensei JACIANO DELMIRO – 4ºDAN
Árbitro Internacional FIJ C
Vice Pres da FPJU